-->
Uma
sexta-feira, depois de cinco da tarde, na sede da PAJ estávamos eu e os
seguranças somente. O dia fora como qualquer outro: plantão de atendimento de
público no período da manhã, serviço interno no período da tarde. De repente,
veio uma idéia: a filha de um empresário local, de nome Monique, havia sido
sequestrada por “Valmirzinho” e poucos dias antes da morte do prefeito. Em
casos desse tipo de crime, como é óbvio, os sequestradores fazem contatos –
vários contatos – com os familiares para “negociar”[1] o
valor do resgate e então a autoridade policial solicita ao Juiz de Direito
autorização para monitorar o telefone que os sequestradores estão utilizando,
bem como gravar as conversas. Era possível que “Valmirzinho” tivesse tido o seu
aparelho monitorado.
Pensando
nisso, fui ao fórum, diretamente ao cartório do distribuidor e ali solicitei
informação de sobre distribuição de processo pelo nome da vítima, Monique.
Havia um, sim, e distribuído à 4ª Vara Criminal. Anotei o número do processo e,
com o coração já aos pinotes, fui ao cartório. Pedi o processo. A escrevente
entregou-me. Tinha havido monitoramento telefônico. O pedido inicial feito pela
autoridade policial do 4º Distrito fora denegado por falta de documentação.
Renovado, e agora completo, foi deferido. Mais adiante estava toda a
bilhetagem. Comecei a folheá-la. Meu ritmo cardíaco aumentou. Cheguei ao ponto:
o aparelho celular que “Valmirzinho” estivera utilizando durante o sequestro da
filha do empresário recebeu uma ligação de um telefone fixo na mesma noite da
morte do prefeito, por volta de 22,32 horas – 17 minutos após os disparos,
conforme a denúncia descrevia – na cidade de Caieiras, distante 77 km de
Campinas. E mais: continuou o monitoramento – não se sabe porque – até cessarem
as ligações com as mortes de “Valmirzinho” e “Anzo” (e mais duas pessoas) em
Caraguatatuba. Anotei o número do telefone fixo fui embora para casa – passava
das seis horas da tarde. A propósito: feliz da vida.
[1] . Quem
faz a negociação pelo lado da família é sempre um policial do DEAS, treinado
para isso, desde que a família solicite providências policiais
Comentários
Postar um comentário