O
Brasil está se “preparando” para receber dois grandes eventos internacionais, a
Copa do Mundo e a Olimpíada: um específico, de apenas uma modalidade esportiva,
e outro genérico, de várias modalidades. Já sedia alguns eventos internacionais
na modalidade tênis: alguns “challengers”, um ATP 250 e um WTA. Eventos
menores, estes não demandam muitos investimentos, ao contrário do que ocorre
com a olimpíada e a copa do mundo.
Depois
de vir pela quarta vez consecutiva a um torneio de tênis na modalidade ATP 1000
– que na escala é abaixo apenas dos Grand Slam -, permito-me fazer algumas
observações.
Chegada – o Aeroporto Internacional de
Miami é um dos mais movimentados do mundo. Em 2010, as locadoras de veículos
encontravam-se espalhadas no entorno do aeroporto, de forma que era necessário
ao passageiro deslocar-se por ônibus até a locadora para apanhar o carro. Em
2012 já estava construído um prédio, que parece muito um saguão de aeroporto,
para abrigar todas as locadoras. Já não se utilizava mais ônibus e sim um trem.
Curiosamente, o aeroporto está sempre em obras.
Local – o Crandon Park era um “lixão” e
foi recuperado para abrigar um complexo tenístico público: a quadra principal,
chamada de “stadium”, tem arquibancada permanente em 3 pisos e para o torneio é
montado mais um nível, o famoso “400”. A segunda quadra mais importante é o
“grandstand” e há mais outras 8 quadras, numeradas, e mais quatro com letras
(“a” etc). Há um estacionamento adaptado que cobra 12 dólares, sem a presença
de “flanelinhas” (ou “flanelões”), “tomando” dinheiro dos frequentadores.
Depois de estacionar o carro, apanha-se um ônibus, que não cobra tarifa, que
leva as pessoas até quase a porta do complexo tenístico, tudo na maior ordem.
Se a pessoa quiser, há um estacionamento mais próximo (VIP) ao preço de 30
dólares, também sem “flanelinha” (esta espécie não existe nos EUA – já vi até
na Espanha, em Santiago de Compostela, mas era apenas um, defronte a igreja, e
me pareceu ser uma pessoa com problema mental).
Depois dos jogos, faz-se o trajeto de volta.
Cambista ao contrário – no primeiro dia
do torneio, fomos abordados (já tínhamos sido nas vezes anteriores) por um
americano que nos ofereceu ingresso. Perguntamos detalhes e ele respondeu que o
ingresso era para o nível 400 e cada um custava 25 dólares. Esse dia o preço
era o quádruplo – pensamos que era falso. Adquirimos e ele nos deu um cartão de
visita com o telefone do local de venda: tudo às escâncaras. Usamos o ingresso
e na volta ao “flat” telefonei ao local de venda e conversei com a pessoa. Ele
me deu o endereço do seu “escritório” e no dia seguinte fomos comprar mais. O
escritório era no interior de um hotel e assim fizemos todos os dias, comprando,
por exemplo, ingresso de 215 dólares por 75. Essa pessoa, que é equatoriana,
vive disso (não sei como e não perguntei): vende ingressos para jogos de tênis,
de basquete, de fórmula Indy, futebol americano e tudo o mais. Ele disse que no
próximo ano trabalhará no Brasil, vendendo ingressos para os jogos da copa.
Ingressos – comprando o tíquete para o
“stadium”, pode-se entrar em qualquer das outras quadras: o preço varia
conforme o nível (há quatro 100, 200, 300 e 400); comprando-se o “ground pass”,
que é bem mais barato, pode-se entrar em qualquer quadra menos no “stadium”. É
uma opção. E há fiscalização: não se tem
acesso ao “stadium” sem o ingresso específico.
Torcida brasileira – depois de 4 anos
seguidos vindo ao ATP 1000 de Miami cheguei à conclusão de que os brasileiros
não estão preparados para assistir a um jogo de tênis quando está em quadra um
compatriota. Este ano, em que o principal tenista brasileiro, Thomaz Bellucci,
chegou às oitavas de final, ficou nítido o despreparo do brasileiro para
assistir a um jogo de tênis: eles se comportam como se estivessem num estádio
de futebol. As frases de “incentivo” bradadas desde as arquibancadas:
“Bellucci, esse game é ‘nosso’”; “Bellucci, ele está cansado”; “Bellucci, troca
bola”. Sem contar as dezenas de técnicos
que ficam dizendo qual seria a melhor jogada a ser feita (já tinha visto isso
antes no Challenger de São Paulo e no da Hípica em Campinas e no ATP 250 de São
Paulo).
E
quando penso que no próximo ano o Brasil sediará um ATP 250, um ATP 500 e um
WTA, sem contar os “challengers”, me dá calafrios, que aumentam quando penso na
copa e na olímpiada.
De Miami.
o Brasil só está preocupado em fazer pose para os visitantes, enquanto os integrantes da casa estão descontentes e com razão!
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