Para
quem não conhece e nunca ouviu falar, Larry David foi um dos criadores da
“situation comedy” de maior sucesso no mundo: Seinfeld. O outro criador, claro,
foi Jerry Seinfeld. A série esteve no ar durante 10 anos, encerrando-se em 1998
e não houve dinheiro que convencesse os seus criadores a continuarem criando e
gravando os episódios. Falou-se em 1 milhão de dólares para Jerry por capítulo.
Até hoje, passados 15 anos de seu encerramento, ela continua em exibição em
redes e canais, no Brasil, nos EUA e em outros países do mundo.
A
primeira vez que estive em NY foi no ano de 1998. Uma manhã, caminhando pela
avenida Broadway, em Times Square, vi um rapaz, usando quipá, distribuindo
folhetos em que – foi o que chamou a minha atenção – estava escrito a palavra
Seinfeld. Eu já sabia, pois era fã, que seria o último ano da série e me
apressei em apanhar um folheto. Ele era verde e estava escrito em letras
garrafais: “Is there life after Seinfeld?”. Pegando um “gancho” no encerramento
da série, cujos capítulos eram exibidos nas noites de quinta-feira, o panfleto
convidava as pessoas a irem ao serviço religioso nessas noites em substituição
ao programa “Seinfeld”.
Depois
do encerramento do programa, Julia Louis-Dreyfus – aliás, Elaine Benes –
participou de algumas séries (“As aventuras de Christine”, “Veep”- esta, ainda em
exibição); Michael Richards – aliás, Cosmo Kramer – meteu-se em uma confusão
ligada ao racismo; Jason Alexander – aliás, George Costanza – fez “ponta” em um
ou outro capítulo de algumas séries (“Monk”, por exemplo): Jerry nunca fez
nenhuma série, porém fez uma animação belíssima: “Bee”.
Depois
de algum tempo do encerramento, Larry David criou a sua série: “Curb your
enthusiasm” (no Brasil: “Segura a onda”). Quando ele foi contratado, o primeiro
capítulo que apresentou à televisão tinha 31 minutos e lhe foi dito que não
poderia exceder os 30 minutos. Ele o refez com a duração de 29 minutos e 59
segundos. Ele é o principal ator (há participações especiais de famosos, como os
do elenco de “Seinfeld”) e existem
passagens politicamente incorretas ao extremo. Uma delas: num bar, ele começa a
flertar com uma moça e ao dirigir-se a sua mesa, percebe que ela é “cadeirante”
(detesto este termo: tem conotação de profissão [negociante, sitiante,
comerciante]). Iniciam um namoro e, descontente, ele resolver terminar o
idílio, escolhendo, para tanto, um restaurante: durante o jantar dar-se-ia o
rompimento. Chegam ao local e há uma grande fila de espera, porém, pelo fato da
moça ser deficiente, dão-lhes preferência e eles conseguem uma mesa
rapidamente. Por conta disso, ele decide não mais romper o namoro.
Uma
das características de seu personagem, notada em muitos capítulos, é o da
pessoa que discute por motivos de somenos importância e as discussões chegam a
irritar o telespectador – no meu caso, sempre – de tão tolas. Observando o
comportamento de muitas pessoas atualmente, constata-se que elas agem com essa
característica “Larry David”. Constatei isso hoje numa loja de Campinas enquanto
pagava a compra que fiz: aproximou-se um freguês com um papel na mão e a pessoa
que me atendia disse àquele freguês que ele deveria dirigir-se a outro local e
apontou a direção. Pois o consumidor respondeu que alguém da loja havia dito
que ele deveria dirigir-se àquele caixa e blá-blá-blá (para lembrar
“Seinfeld”). Larry discute por nada; na “sitcom” de maior sucesso o tema era
“nada”. “Seinfeld”: a melhor série sobre nada, era o mote.
Podem
olhar a sua volta: vocês sempre encontrarão entre os seus parentes, amigos e
conhecidos alguém com esse estilo “Larry David”.
(A propósito: a série "Seinfeld" é exibida no Canal Sony [49 e 549 NET]; "Curb your enthusiasm" é exibida nos canais HBO Plus * [77] e HBO Signature [78]).
Link do trailer de "Curb your enthusiasm:
http://youtu.be/RhWbn-1IkPE
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