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Mostrando postagens de junho, 2015

O príncipe dos empreiteiros e o verbo destruir

        Ele foi assim apelidado numa matéria de capa de uma “revista semanal de informação”, como ela mesma se intitula. Quando ouço a palavra “príncipe”, me vem à memória, em primeiro lugar, um ministro do Supremo Tribunal Federal, que escreveu um dos mais completos livros de Direito Penal, intitulado “Comentários ao Código Penal”- Nélson Hungria, “príncipe dos penalistas brasileiros”. Ele foi assim apelidado por outro penalista, Heleno Cláudio Fragoso, que escreveu livros importantes à interpretação da lei penal brasileira, um deles denominado “Lições de Direito Penal”. Escreveu outros: “Jurisprudência criminal” e “Advocacia da liberdade”, em que narra casos em que atuou na defesa de pessoas processadas pelo regime militar. Numa das suas idas ao cárcere para visitar o cliente, acabou ele também sendo preso.       Pode parecer saudosismo – e talvez seja – eu estar falando desses mestres, mas é que na atualidade eles são simplesmente ignorados nas faculdades de direito: talvez

O melancólico ocaso de dois ídolos

        Eles foram, cada qual em sua área de atuação, ídolos, influenciando mais de uma geração: um no campo da música, outro no humorismo. O primeiro é Roberto Carlos e foi possível acompanhar toda a sua carreira, desde o seu primeiro sucesso (“Parei na contra-mão”) até tornar-se o “rei” (não sei de que...). Liderou o movimento intitulado “Jovem Guarda”, até com programa de televisão nas tardes de domingo, por ele apresentado. Era um desfile dos astros daquele período: o “Tremendão” e parceiro de Roberto, Erasmo Carlos, Wanderléa, Trio Esperança, Golden Boys, Marcos Roberto e outros. “E que tudo mais vá pro inferno” foi um estrondoso sucesso. E ele foi mudando de fases, passando por uma místico-religiosa, tendo como exemplo “A montanha”. Veio a fase romântica, homenagem aos caminhoneiros e outras tantas viradas. Afirmavam que ele tinha TOC – transtorno obsessivo-compulsivo – tal como não usar roupas da cor marrom. Deixando isso de lado, pois a ser verdade, trata-se de uma molésti

A Itália e Pizollato

        Num documentário muito interessante, chamado “Draquila - A Itália que treme”, dirigido pela cineasta italiana Sabina Guzzanti, em que o funcionamento do Estado italiano é parcialmente mostrado, com profundas críticas contra o político Sylvio Berlusconi, há uma frase a princípio enigmática mas que tem uma explicação muito fácil: “não é que seja impossível governar a Itália: é inútil”.       Todos já ouviram falar, inclusive por postagens no Facebook, do caótico trânsito em algumas cidades da Itália: eu mesmo sou testemunha disso. Estando em Roma no ano de 2009 e fazendo um tour a pé, nosso grupo foi advertido pelo guia local de que não deveríamos confiar nos sinais de trânsito para pedestres, pois os motoristas não os respeitavam e em especial os motociclistas. Para enfatizar o que dizia, apontou algumas estatísticas que demonstravam esse desrespeito. Eu presenciei, nessa estadia, uma cena que até então nunca tinha visto no Brasil: uma mulher, ao volante de um carro peque

Sharon Stone

                        Nesse afã de colocar apelidos em pessoas que cometem crimes, a mídia campineira logo alcunhou-a de Sharon Stone (em tempos antigos houve “o ladrão da corda” – um ladrão que entrava nas casas pelo telhado e descia por uma corda que amarrava nos caibros [abaixo do telhado havia um forro de madeira, com um alçapão]; “o bandido mascarado” e outros). Ela era loira e roubava bancos, sempre acompanhada de alguns rapazes. Encabeçava o bando e sempre era barrada na porta giratória: sacava da bolsa um aparelho de som (“walkman”) e o exibia aos vigilantes. Talvez por ser mulher, eles acreditavam que a porta se travara apenas por conta do aparelho e a deixavam entrar. Ganhando o interior da agência, onde já estavam os seus asseclas, ela sacava da bolsa um revólver e a rapina era perpetrada. Foram várias agências bancárias “assaltadas” na cidade de Campinas.             Um dos processos tramitava na 4ª Vara Criminal local e coube a mim substituir um colega nessa vara