Eles
foram, cada qual em sua área de atuação, ídolos, influenciando mais de uma
geração: um no campo da música, outro no humorismo. O primeiro é Roberto Carlos
e foi possível acompanhar toda a sua carreira, desde o seu primeiro sucesso
(“Parei na contra-mão”) até tornar-se o “rei” (não sei de que...). Liderou o
movimento intitulado “Jovem Guarda”, até com programa de televisão nas tardes
de domingo, por ele apresentado. Era um desfile dos astros daquele período: o “Tremendão”
e parceiro de Roberto, Erasmo Carlos, Wanderléa, Trio Esperança, Golden Boys,
Marcos Roberto e outros. “E que tudo mais vá pro inferno” foi um estrondoso
sucesso. E ele foi mudando de fases, passando por uma místico-religiosa, tendo
como exemplo “A montanha”. Veio a fase romântica, homenagem aos caminhoneiros e
outras tantas viradas. Afirmavam que ele tinha TOC – transtorno obsessivo-compulsivo
– tal como não usar roupas da cor marrom. Deixando isso de lado, pois a ser
verdade, trata-se de uma moléstia, seu final de carreira está sendo
melancólico. O primeiro fato foi representado pela censura que ele judicialmente
impôs a Paulo Cesar de Araújo pela biografia não-autorizada que Paulo “ousou”
escrever sobre Roberto: o acordo que terminou com o processo obrigava a editora
a recolher todos os exemplares, e outras tantas coisas. Depois, veio o episódio
da Friboi: contratado para ser garoto-propaganda, ele deveria, embora se
declarasse desde sempre ser vegetariano, ser filmado comendo carne bovina. A
campanha publicitária, paga a peso de ouro, foi um rotundo fracasso, sendo
encerrada e o contrato rompido. Parte do cachê recebido deveria ser depositada
num paraíso fiscal – o “rei” poderia passar sem essa. Como chave de ouro, ele
veio a público elogiar o governo Dilma – ele que nunca assumiu cores políticas, o que era motivo de críticas –
num momento em que o governo sofre uma profunda crise de popularidade, para não dizer de credibilidade, em face das mentiras pespegadas pela então candidata e que fez exatament4e aquilo que prometera não fazer "nem que a vaca" tossisse e pelo envolvimento de petistas em roubalheiras sem fim.
O
outro ídolo é Jô Soares. Foi um dos maiores humoristas do Brasil e contestava a
ditadura em programas de que participava, tal como “Viva o Gordo” e “Planeta
dos homens”. Um seu programa teatral tinha o sugestivo nome de "Viva o gordo, abaixo o regime". Numa época de dura repressão, ele criou um personagem, um delegado
de polícia, que torturava os suspeitos (tal qual era feito em alguns porões), e
seu auxiliar era o Fonseca, representado por Paulo Silvino. O Delegado mandava "apertar" mais o preso e se dava entre eles o seguinte diálogo:
-
Será que ele guenta?
-
Guenta!
Saindo
do humorismo, ele foi apresentar um “talk show”, o primeiro do Brasil, que era
uma cópia – até no uso da caneca – do famoso “Late show”, apresentado por David
Letterman. O nome do programa brasileiro, exibido pelo SBT, chamava-se “Jô
Soares Onze e Meia”. Notabilizou-se o gordo-entrevistador por querer falar mais do que a
pessoa que ele entrevistava. Transferiu-se de emissora e a audiência começou a minguar e eis
que, quase no mesmo momento em que Roberto Carlos elogiava Dilma, Jô resolveu entrevistar
a presidente, ou seja: num momento em que o governo exercido por ela sofre
ataques de todos os flancos, petistas históricos estão cumprindo pena, ou já cumpriram,
e outros tantos estão presos preventivamente.
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