Ele teve uma infância difícil, morando, juntamente com sua família, num “cortiço” na avenida Barão de Itapura, bem próximo à linha do trem da Mogiana. Nas várias vezes diárias em que o trem por ali passava as porteiras eram fechada, interrompendo o tráfego. Depois, a sua família mudou-se para o bairro Vila Nova, nas proximidades da igreja. Numa ocorrência até agora para mim inexplicável, um seu irmão foi morto por um soldado da (então) Força Pública; parece que o projétil atingiu a sua perna e ele entrou num matagal, ali falecendo. Durante o fim de sua adolescência e no início da idade adulta ele começou a lavar os automóveis das pessoas do bairro em que eu morava em troca de (hoje) dez ou vinte reais; vários moradores “utilizavam” os seus serviços. Além do pagamento, alguns lhe davam roupas usadas – camisas e calças – e sapatos. Eu mesmo fiz isso algumas vezes. Por essa época ele, afastado da família, morava de favor num quarto de fundo de uma oficina mecânica lo