As síndromes usualmente são denominadas pelo nome do médico ou cientista que primeiro os descreveu (por exemplo a Síndrome de Down ou a Síndrome de Susac). Outras vezes (mais raramente) recebe o nome do paciente no qual foi diagnosticado pela primeira vez, ou ainda em referência à poesia, geografia ou história, como a Síndrome de Estocolmo, em referência ao assalto ao Kreditbanken em Norrmalmstorg, Estocolmo de 23 a 28 de Agosto de 1973.
Também se chama de síndrome certas situações em que a doença ainda não está bem declarada com todos os seu sinais e sintomas ou em que os sintomas são frustres como por exemplo a Síndrome gripal ou mesmo a gravidez.
Com a evolução do nosso conhecimento algumas sintomatologias antes consideradas como reflexo de uma doença bem individualizada, provaram hoje corresponder a um conjunto de patologias diferenciadas e passaram a ser chamadas de síndrome: é o caso da Síndrome de Parkinson ou Parkinsonismo cuja patologia mais frequente, antes considerada a única, é a doença de Parkinson.”
Esse esclarecimento consta da enciclopédia interativa Wikipedia e já antecipa algo que seria explicado pelo título deste artigo: a Síndrome de Estocolmo. Houve um assalto numa agência do Kreditbanken em Normalmtorg, Estocolmo, em que clientes e funcionários foram feitos reféns e, para encurtar a história, acabaram por afeiçoar-se aos seus algozes.
Sempre que se fala nesse síndrome imagina tratar-se de uma invenção fantasiosa, mas ela existiu, sim, e tive a oportunidade de conhecer pelo menos por fora esse estabelecimento bancário. E depois, durante o desempenho de minha atividade profissional, conhecer na prática duas manifestações dessa síndrome. Foi quando atuei na defesa de “Andinho”, no processo em que ele era acusado de ter participado da morte do Prefeito Toninho (o processo teve curso na Vara do Júri da comarca de Campinas, hoje intitulada 1ª Vara do Júri da comarca de Campinas).
O juiz titular ouviu várias pessoas que tinham sido sequestradas por “Andinho”, algumas a pedido da Promotoria de Justiça, outras a pedido da defesa, e ainda outras como testemunhas do juízo. Duas delas eram uma psicóloga e sua filha que, na noite em que Toninho foi morto, estavam em “cativeiro” sequestradas que tinham sido pelo acusado da morte do prefeito. A psicóloga não retratou nenhum maltrato que lhe fora infligido por “Andinho” e, não sei porque cargas d’água, o Promotor de Justiça resolveu perguntar a ela se o acusado fez algum churrasco. Ante a resposta sim, perguntou se a carne servida era de urubu (o fato já constituiria crime contra o meio ambiente...) e a testemunha, quase indignada, respondeu que, como conhecia carnes, podia afiançar que se tratava de picanha. Foi além: disse que às vezes o acusado trazia doces da Doceria Amor aos Pedaços...
Outra testemunha era um jovem recém saído da adolescência. Contou que enquanto esteve sequestrado conversava longamente com “Andinho” e este certa ocasião disse-lhe que era um “cara legal” e o convidou para que compusesse a sua quadrilha. Também esta pessoa não relatou um maltrato que houvesse sofrido.
Depois da experiência que vivi nesse processo, vi a Síndrome de Estocolmo encarnada.
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