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Mostrando postagens de janeiro, 2017

A rebelião no "cadeião" de Campinas

      Na década de 70, mais precisamente no ano de 1974, Campinas ganhou uma cadeia pública localizada na rua João Batista Morato do Canto, n° 100, bairro São Bernardo; a construção iniciou-se em 1973. Até então, os presos ficavam confinados num prédio situado na esquina da rua Sebastião de Souza com a avenida Andrade Neves; a entrada era pela rua Sebastião de Souza, n° 150. Já vivia o fenômeno da superlotação, ficando os detentos amontoados. Certa vez, um dos juízes criminais da comarca de Campinas registrou em sentença que aquilo não era uma cadeia, mas um “mero depósito de homens”.       Com a inauguração da nova cadeia, que, com a excelente disposição do campineiro para pôr apelido em tudo [1] , logo passou a ser chamada de “cadeião do São Bernardo”, para ali foram transferidos os presos que estavam no “depósito de homens”. Não demorou para que houvesse a superlotação. Esta, em geral, funciona como uma “panela de pressão”, pois em lugares que cabem poucos e são postos muitos

Por dentro dos presídios – Cadeia do São Bernardo

      Tão logo formado em Ciências Jurídicas e Sociais e tendo obtido a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, prestei auxílio num projeto que estava sendo desenvolvido junto à Cadeia Pública de Campinas (esta unidade localizava-se na avenida João Batista Morato do Canto, n° 100, bairro São Bernardo – por sua localização, era apelidada “cadeião do São Bernardo”) pelo Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal (que cumulava a função de Corregedor da Polícia e dos Presídios), Roberto Telles Sampaio: era o ano de 1977. Segundo esse projeto, um casal “adotava” uma cela (no jargão carcerário, “xadrez”) e a provia de algumas necessidades mínimas, tais como, fornecimento de pasta de dentes e sabonetes. Aos sábados, defronte à catedral metropolitana de Campinas, era realizada uma feira de artesanato dos objetos fabricados pelos detentos. Uma das experiências foi uma forma de “saída temporária”.       Antes da inauguração, feita com pompa e circunstância, os presos provisórios eram “aco

Iran

            Naqueles tempos, final dos anos oitenta e início dos anos noventa, havia na região de Campinas poucos presídios, e na cidade uma cadeia pública, definidas esta certa ocasião, numa sentença criminal, como “mero depósito de homens”. A cadeia pública localizava-se na Rua Sebastião de Souza, 150, esquina com a avenida Andrade Neves. Depois, foi construída a cadeia do São Bernardo, Rua João Batista Morato do Canto, 100. E era comum a ocorrência de homicídios no interior dessas cadeias.             Eu o conheci quando assumi a sua defesa pela PAJ e ele era acusado de um crime de homicídio cometido no interior de uma das celas da então cadeia do São Bernardo (posteriormente presídio masculino, e mais tarde presídio feminino). Um dos “moradores” daquela cela apinhada (inicialmente construídas para acomodar oito presos, nelas eram amontoados vinte e dois, vinte e quatro) havia sido morto e, quando foi indagado quem o havia matado, Iran apresentou-se como o autor da mort