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Mostrando postagens de agosto, 2014

O balde de água e a ELA

         Muitos têm visto a cena: uma celebridade, não importando de que área de atuação (George W. Bush, Mark Zuckerberg, Daniela Ruah), despeja sobre si mesma um balde de água, às vezes de gelo, às vezes de ambos (houve uma que despejou sobre si um balde de dólares), mas não tem entendido; quando muito, consegue a informação de que se trata de uma campanha tendente a arrecadar fundos para as pesquisas sobre a esclerose lateral amiotrófica, ELA, também chamada de “mal de Lou Gehrig” ou “doença de Charcot”. Jean-Martin Charcot foi um médico e pesquisador francês (1825-1893). Já Lou Gehrig foi um jogador de futebol americano falecido aos 38 anos e que padecia dessa moléstia; retirou-se do esporte que praticava (bem) aos 36 anos, tendo falecido dois anos após (1903-1941).       Existe um livro belíssimo chamado “A última grande lição: o sentido da vida”, escrito por Mitch Albom e que narra o seu reencontro e convivência com um antigo professor do tempo de universitário, Morri

O televisor e a maconha

               Claro que o evento estava ligado à drogadicção: o jovem era viciado em entorpecente, mais especificamente em "maconha". Para sustentar o vício, já que não trabalhava, ele subtraiu um televisor da casa em que residia com a sua família. Fácil de carregar, pois era portátil, caminhava ele pela avenida Francisco Glicério, centro, quando foi visto por um policial que estava numa viatura, como se diz, “descaracterizada”. Desconfiando de algo, o policial abordou-o sem se identificar e perguntou onde ele ia com aquele eletrodoméstico. Ele prontamente respondeu que ia trocá-lo por droga e contou onde morava o traficante e era num bairro afastado, Vila Teixeira. O policial, simulando que ia naquela mesma direção, ofereceu-lhe carona e ele aceitou. Chegando ao local, o policial, mostrando-se mais solícito, disse que aguardaria dentro do carro que se ultimasse a transação, para levá-lo de volta. Dito e feito: depois de alguns minutos, o drogadicto voltou sem o t

A tecnologia a serviço do mal

            O fato de sermos hoje mais ricos de conhecimentos do que o homem selvagem terá, porventura, influído na bondade do próprio homem? O fato de ser portador de maior soma de conhecimentos leva o homem a reconhecer o caminho do dever?             Essas perguntas, de grande profundidade filosófica, estão no livro “Filosofia do Direito”(página 31 da 7ª edição, de 1975), de Miguel Reale, o maior filósofo do   Direito do Brasil e reconhecidamente um dos maiores do mundo. É de sua criação a “teoria tridimensional do Direito”. E nos tempos atuais elas me vêm à mente a diário, especialmente quando se vê como a informática tem sido utilizada para causar mal a outrem.             A assim chamada “tecnologia da informação” é o ramo do conhecimento que mais tem tido progresso, a cada dia surgindo novas máquinas e novos programas e/ou aplicações que em poucos meses tornam obsoleto o que já existia. Esse enorme cabedal de conhecimentos não tem feito com que os seus detentores o

Famoso internacionalmente

          Ele era efetivamente uma pessoa conhecida como profissional; não sei se internacionalmente, mas dentro do território nacional, certamente. Ministrava aulas numa universidade estadual em Campinas.           Cansados da sua ausência habitual às aulas, os seus alunos – ou os alunos do curso – fizeram algo que naquela época era comum naquela universidade: panfletaram. Nos panfletos ele era chamado de, entre outros epítetos, “professor fantasma”, o que configurava o crime de injúria, um dos crimes contra a honra. O professor jurava por todos os santos que não era “fantasma” e a sua ausência no “campus” era devida ao fato de que os alunos deveriam comparecer no local em que a sua organização ensaiava a título de aula prática. Os papéis eram apócrifos obviamente; porém, instaurado o inquérito policial no distrito policial de Barão Geraldo, foram descobertos os autores, porém não indiciados.           Os autos foram remetidos a juízo, mais especificamente à 3 ª Vara Crim

O Promotor de Justiça e a tentativa de homicídio culposo

         Eu havia sido seu professor de Direito Penal no terceiro ano da faculdade, época em que as aulas, seguindo o programa de curso, versam somente sobre a Parte Especial do Código Penal, aquela que descreve os crimes (“em espécie”), tais como o homicídio, o furto, o estupro e a corrupção passiva, e, também, em algumas faculdades, sobre as leis específicas (drogas, meio ambiente, transplante de órgãos, etc).       Depois de ter colado grau, ele prestou concurso público para o cargo de Promotor de Justiça em outra unidade da federação e logrou aprovação; permaneceu nesse cargo por algum tempo e, enquanto isso, submeteu-se ao concurso público de provas e títulos para o mesmo cargo, porém no estado de São Paulo, obtendo aprovação. Depois de “perambular” por algumas comarcas pequenas, veio a dar com os costados em Campinas, exatamente na Vara do Júri que era aquela em que eu atuava na defesa dos réus “carentes”, aqueles que não podiam arcar com as despesas de honorários