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Mostrando postagens de 2013

Mais uma cabeluda do Renan

      Terminava o ano de 2013 e o presidente do Senado da República, Renan Calheiros, foi surpreendido voando num jato da Força Aérea Brasileira para uma cidade do estado de Pernambuco a fim de submeter-se a um implante de fios de cabelo. Após ser, pela segunda vez no ano, apanhado de calças na mão numa aventura cabeluda de mau emprego do dinheiro público, candidamente o senador quase calvo apressou-se em consultar as autoridades sobre o valor gasto e ressarcir os cofres públicos. Ele já devia estar careca de saber que os aviões da FAB não se prestam para isso.       É necessário registrar que a sua malfeitoria veio à luz por conta de uma notinha publicada na coluna “Painel” do jornal Folha de São Paulo, ganhando grande repercussão, o que fez com que o traquinas senador tivesse um súbito surto de juízo e se propusesse a indenizar o erário brasileiro.       Por ser a segunda vez que ele tem esse (mau) comportamento (lembrando que na primeira vez ele foi a uma cidade do estado

J. R. Guzzo e Campinas

      O conhecido articulista de VEJA, J.R. Guzzo, escreveu um devastador artigo sobre a “princesa d’oeste”, Campinas. Desde logo quero registrar que não sou campineiro (nem com um daqueles títulos que os edis generosamente conferem a algumas pessoas): moro nesta urbe desde os idos de 1964, tendo aqui prestado o serviço militar (e numa época dura: enquanto cumpria a obrigação militar houve o atentado com um carro-bomba contra o QG do II Exército, matando o soldado Mário Kozel Filho); foi aqui também que cursei a Faculdade de Direito, onde depois, e por 30 anos, ministrei aulas; foi aqui também que trabalhei, após ser aprovado em concurso público de provas e títulos, como Procurador do Estado, de 1983 a 2008, na área de assistência judiciária criminal, defendendo pessoas acusadas que não podiam arcar com os custos de honorários advocatícios (foi nessa condição que atuei na defesa de "Andinho" quando acusado de haver participado da morte de um dos prefeitos de Campinas

Formação de quadrilha

       Já, neste pequeno espaço onde veiculo algumas ideias e decepções, postei textos verberando o mau hábito da mídia em geral de colocar novos nomes em crimes que existem no Código Penal às vezes há mais de meio século (sim, porque a Parte Especial é de 1940, tendo entrado em vigor a 1° de janeiro de 1942). Esse mau hábito recai também sobre os delitos descritos em leis extravagantes (especiais).       Alguns exemplos podem ser referidos. Não existe no Brasil, por mais incrível que possa parecer, um delito chamado “pedofilia” – trata-se de uma pura invenção da mídia. Por esse crime talvez os jornalistas (dizia Borges que “o jornalista escreve para o esquecimento”) queiram referir-se a algumas condutas previstas na Lei n° 8.069/90, apelidada de Estatuto da Criança e do Adolescente. Ou talvez ao estupro de vulnerável, já que um dos casos de vulnerabilidade é a idade da vítima – menor de 14 anos. Ou talvez às duas situações.       Na década de 90, mais precisamente no

O mestre do terror

           Merecidamente, o estadunidense Stephen Edwin King foi alcunhado de “o mestre do terror”: muitos dos seus livros são realmente de provocar arrepios. Ele nasceu no estado do Maine, na cidade de Portland, aos 21 de setembro de 1947.       A sua obra é muito extensa: são incontáveis livros, muitos deles tornaram-se enredos de filmes, com dois logrando indicação ao Oscar como melhor filme. Porém, embora alcunhado “o mestre do terror” (não é raro encontrar-se alguém que o chame de “mestre do suspense”), ele escreveu livros que não têm um pingo de terror ou de suspense; em contrapartida, outros provocam tanto pavor que, se lidos durante a noite, melhor será dormir com a luz do quarto acesa.       Livros que se transformaram em enredos de filmes: “O iluminado”, estrelado por Jack Nicholson (no papel do louco Jack Torrance) e dirigido por Stanley Kubrick, foi apontado como o filme mais aterrorizante de todos os tempos. No site IMDB obteve a nota 8,5 – altíssima. Outro livr

O engraxate que falava inglês

      Num conto interessante e engraçado, chamado “O homem que sabia javanês”, Lima Barreto conta a história de um homem que, atendendo a um anúncio publicado num jornal, apresentou-se como professor de javanês e durante algum tempo ministrou aulas desse idioma a uma pessoa sem saber bulhufas sobre ele. Fez tanto sucesso que alçou-se à carreira diplomática, tornando-se cônsul em Havana. Li este conto quando já era adulto, quase ingressando na terceira idade. A sua leitura me remeteu aos meus tempos de criança na cidade em que nasci e morei, Jaú, até quase completar 16 anos.       O personagem da história real vivida por mim era um engraxate, cujo nome agora não me ocorre. Ele falava inglês – pelo menos assim acreditávamos. Gostávamos que ele engraxasse os nossos sapatos e principalmente ouvi-lo, enquanto trabalhava, dizer algumas palavras e frases em inglês. Ele, segundo a sua versão, aprendera aquele idioma de forma autodidata, utilizando alguns livros que um tio nosso, que era

Violência nos estádios

      À doutrina penal brasileira é muito caro um assunto: “violência esportiva”. O tema vem quase sempre exposto na parte em que se analisam as causas legais e supralegais de exclusão da ilicitude. Debaixo do título “violência esportiva” é abordada a ocorrência de crimes em algumas modalidades esportivas, por sua própria natureza violentas. Boxe – “Maguila” tinha o hábito de dizer que o lutador estava preparado para “apanhar” – é uma delas, embora existam vários tipos de proteção aos envolvidos; MMA serve como outro bom exemplo, pois os contendores “vão às mãos” e não têm tanta proteção quanto o boxe. Nessas modalidades, há muito mais do que aquilo que a doutrina alemã chama de “incremento do risco” – há mais do que o risco, há a certeza de produção de lesão. No automobilismo, em que os “bólidos” excedem em muito a velocidade permitida em qualquer rua, avenida ou rodovia, também há uma criação de risco.       Já no futebol, embora haja uma disputa, muitas vezes acirrada, nã