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Mostrando postagens de dezembro, 2015

O gordinho e a manicure

        Tudo estava correndo às mil maravilhas: teriam (mais?) um encontro romântico-sexual num motel. O local não era lá essas coisas, porém foi o que de melhor conseguiram: afinal tratava-se de um encontro às escondidas, fruto de uma traição, mas o importante é que eles teriam uma tarde de prazer. As paredes externas do motel são emboloradas. Pode? Algo os ligava além da atração: eram (quase) parentes. O parceiro na aventura tinha um pequeno sobrepeso: um gordinho...       O casamento dela não estava em crise, como alguém mal informado pudesse pensar, não: as fotos postadas nas redes sociais mostravam o oposto. Uma delas mostrava a mulher, ela, de biquíni, grávida, com o esposo ao lado na clássica pose: passando a mão sobre o barrigão, sentindo “os chutes” do feto?       Para que ninguém pudesse desconfiar de algo, a mulher, que era gerente de uma agência de um banco internacional, atuando em todos os países, postou no WhatsApp que estava indo à manicure (“indo fazer as un

Uma noite (de terror) em Paris - III

      O grupo terrorista VAR-Palmares detonou um carro-bomba no Quartel General do II Exército, no Ibirapuera, matando um dos soldados que estavam de sentinela, Mário Kozel Filho; por conta disso, foram os soldados da 1ª Companhia do 1° Batalhão de Carros de Combate Leves, localizado em Campinas, convocados para ir a São Paulo, pois as autoridades militares acreditavam que outros ataques seriam perpetrados.       Colegas de farda foram me buscar em casa de madrugada para me levar ao quartel a fim de receber as ordens. Na noite da véspera, eu tinha ido com alguns amigos a uma festa junina e no caminho presenciamos um acidente de trânsito: na rua atrás do Liceu Nossa Senhora Auxiliadora, uma Kombi invadiu a contramão e abalroou uma lambreta, atingindo a perna do carona. Foram os dois ao chão e a perna do carona dobrou-se para trás como em um desenho animado. Ele urrava de dor. Tocamos a campainha de uma casa ali próxima e pedimos ao dono que chamasse a polícia e o socorro (este se

Uma noite (de terror) em Paris - II

      Muitas pessoas perguntam se foi muito assustadora a noite de 13 de novembro de 2015 quando estávamos em Paris; outras, diferentemente, já vão perguntando sobre o tamanho do susto que tomamos quando ocorreram os ataques. Ou dizem logo: "que susto, hein"?       Na realidade, não foi muito assustador, pelo menos para mim; minha mulher, assustou-se bastante. Por alguns motivos, não tive medo. Um deles é que, quando tomamos conhecimento dos ataques, eles já haviam acontecido e quando aconteceram estávamos no meio de um jantar num restaurante ao lado da Catedral de Notre Dame, saboreando a autêntica cozinha francesa. Embora eles tivessem terminado, sobra sempre um receio, pois esses ataques covardes são imprevisíveis: bombas de tempo colocadas em carros estacionados na via pública, outras tantas colocadas em lixeiras, como, aliás, já aconteceu.       Em segundo lugar, o barulho das sirenes – de carros policiais, dos bombeiros, resgate – que cortavam a cidade perdurar

Uma noite (de terror) em Paris

       Era a terceira vez que iríamos à “cidade luz” e desta vez por nós mesmos. É que as anteriores fomos em grupo por empresa de turismo e nessas oportunidades nem todas as grandes atrações são visitadas. De qualquer forma, já conhecíamos a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, o Museu do Louvre, Montmartre, Invalides (sem entrar, porém), passeio de “bateaux” pelo rio Sena, Galerias Lafayette. Não tínhamos conhecido o Opera, as Galerias Printemps, o Museu D’Orsay, entre outros. Mas desta vez iríamos a esses e a outros locais, e, quem sabe, rever um (ou uns) daqueles outros.       A viagem, fugindo ao nosso padrão, foi preparada muito antes da partida (por muito antes entenda-se uns quatro meses) e o hotel foi escolhido a dedo: no coração de Paris, na avenida Victoria, distante dois quarteirões do Louvre e a um quarteirão do Sena. Por coincidência, ao receber o e-mail de confirmação da reserva, ele estava escrito em português, com a surpresa adicional de que o “staff” falava a noss