É
inacreditável o número de pessoas que têm se dedicado aos animais, seja
adquirindo-os, seja adotando-os; somente tais atividades já demonstram o amor
aos “bichinhos”, que se desdobra ainda mais quando se trata de cuidar deles.
Pululam lojas especializadas no ramo e a cada dia elas são maiores. Inclusive
cresceu muito o asseio dos donos, especialmente dos cães, recolhendo as fezes
que eles depositam nas calçadas. Tudo isso demonstra o amor aos animais, e, até
onde se acredita, o respeito da pessoa a todas as regras dos humanos.
Mas
a cena que eu presenciei num voo Madri – São Paulo demonstrou-me o contrário.
No momento do embarque, no “finger”, quase entrando na aeronave, ouvi um miado.
Algo impensável naquela situação. Olhei para trás e vi um passageiro embarcando
carregando um gato dentro de um daqueles aparatos apropriados ao transporte. E
mais: atrás dele vinha a sua mulher carregando outro gato. Os assentos que lhe
cabiam eram próximo ao meu, no “espaço mais” da TAM, cuja passagem
evidentemente é mais cara.
Cada
qual acomodou-se em seu assento – são três -, colocando as jaulinhas na assento entre eles - são três em cada fileira. Uma das comissárias disse a eles que, quando o comprador
daquele assento em que estavam os gatos chegasse, os bichanos deveriam ser
removidos. Respondeu o varão: “não vai chegar ninguém – eu comprei os três
assentos”. Louvável, gastando uma pequena fortuna para transportar, digamos
assim, de forma humana os seus bichinhos de estimação.
Antes
mesmo que de as portas se fechassem, o dono dos gatos espiou pelo vão da cortina que separa as classes econômica e primeira onde estava a
comissária e vendo que ela estava longe e desatenta, barafustou-se na primeira
classe dali surrupiando uma “nécessaire” exclusiva dos viajantes daquela classe
e a entregou como um troféu à sua (suponho) “cara-metade”, que abriu um sorriso de satisfação (seria de esperteza?).
Mas
não parou por aí: durante o voo, novamente aquela espiadela do “homem dos
gatos” para ver onde estavam as comissárias e constatando que nenhuma delas
estava por perto, fez um sinal à sua esposa, que subiu em seu assento, pulou as
gaiolas dos gatos, pisou no assento do marido e foi utilizar o banheiro da primeira classe, prática vedada
aos ocupantes da classe econômica. Esta atitude aconteceu outra vez e, ao voltar da segunda investida, quando
pisava no assento do marido para pular as gaiolas, foi vista por um comissário
que, pelo olhar desferido, execrou a atitude (de pisar no assento), porém não dizendo
nada. Foi um belo exemplo de dedicação aos animais e de desrespeito aos cidadãos: ele não tinha direito de agir como agiu, subtraindo um objeto destinado às pessoas que por ele pagaram, nem de utilizar o banheiro que outras pessoas pagaram para poder usar.
As
aparências enganam...
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