Etarismo
Tal qual aconteceu com a palavra “feminicídio”, a palavra etarismo entrou para o dia-a-dia como um relâmpago e despertou vívido interesse nas redes sociais, pois o acontecimento que o fez ganhar notoriedade foi uma tolice perpetrada por três universitárias numa cidade do interior de São Paulo. Sim, as três, crentes de que estavam produzindo uma obra mais engraçada do que um episódio da “Escolinha do Professor Raimundo” ou do que “A Praça é Nossa”, gravaram um vídeo em que ridicularizavam uma colega de faculdade em razão da idade. A colega tem 44 anos. Neste ponto, lembro que por 30 anos fui professor na Faculdade de Direito da PUCCamp, nos períodos matutino e noturno: no matutino, todos – ou quase todos – eram jovens (cheguei a ter um aluno de 16 anos), ao passo que noturno a faixa etária era mais elevada e nunca houve esse tipo de desrespeito. No período noturno não era difícil encontrar alunos já formados em outro curso (e trabalhando na área em que eram formados) que, atraídos pelo estudo do Direito, prestavam o vestibular.
O outro acontecimento a que se refere o título está de alguma forma conectado ao primeiro: uma MC filmou-se falando mal de professores e postou essa infeliz fala nas redes sociais. Foi levada a isso porque uma professora teria se referido a ela em uma aula, criticando a letra de uma música, e uma aluna, fã da artista, postou isso como um comentário no perfil da MC. Na infeliz gravação, ela debocha do salário dos professores, dizendo, entre outras coisas, que por uma aparição de minutos num show ela recebe 70 mil reais. Não se sabe o grau de instrução dessa artista, mas certamente não tem o mesmo de um professor, ainda que de curso elementar.
Como a internet não perdoa, os dois fatos repercutiram grandemente e as três universitárias humoristas trancaram matrícula, abandonando o curso; já a MC, depois de ter vários shows cancelados, gravou um pedido canhestro de desculpas (ao estilo “se alguém se ofendeu, peço desculpas”), postando-o nas redes sociais.
Se tivessem ficado caladas, tudo seria evitado.
Uma música que marcou época, chamada “A Praça”, de autoria de Carlos Imperial, gravada por Ronnie Von no ano de 1967, e que foi um estrondoso sucesso, contém uma frase que diz assim: “sentei naquele banco da pracinha...”. O refrão diz assim: “a mesma praça, o mesmo banco”. É impossível imaginar uma praça sem bancos, ainda que hoje estes não sejam utilizados por aquelas mesmas pessoas de antigamente, como os namorados, por exemplo. Enfim, são duas ideias que se completam: praça e banco (ou bancos). Pois no Cambuí há uma praça, de nome Praça Imprensa Fluminense, em que os bancos entraram num período de extinção. Essa praça é erroneamente chamada de Centro de Convivência, sendo que este está contido nela, já que a expressão “centro de convivência (cultural)” refere-se ao conjunto arquitetônico do local: o teatro interno, o teatro externo e a galeria. O nome Imprensa Fluminense refere-se mesmo à imprensa do Rio de Janeiro e é uma homenagem a ela pela ajuda que prestou à cidade de Campi...
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