Uma música que marcou época, chamada “A Praça”, de autoria de Carlos Imperial, gravada por Ronnie Von no ano de 1967, e que foi um estrondoso sucesso, contém uma frase que diz assim: “sentei naquele banco da pracinha...”. O refrão diz assim: “a mesma praça, o mesmo banco”. É impossível imaginar uma praça sem bancos, ainda que hoje estes não sejam utilizados por aquelas mesmas pessoas de antigamente, como os namorados, por exemplo. Enfim, são duas ideias que se completam: praça e banco (ou bancos).
Pois no Cambuí há uma praça, de nome Praça Imprensa Fluminense, em que os bancos entraram num período de extinção. Essa praça é erroneamente chamada de Centro de Convivência, sendo que este está contido nela, já que a expressão “centro de convivência (cultural)” refere-se ao conjunto arquitetônico do local: o teatro interno, o teatro externo e a galeria. O nome Imprensa Fluminense refere-se mesmo à imprensa do Rio de Janeiro e é uma homenagem a ela pela ajuda que prestou à cidade de Campinas quando da epidemia de febre amarela ocorrida no ano de 1889.
A praça tinha, como era normal, vários bancos que aos poucos foram sendo destruídos. É preciso registrar que durante o dia esse importante logradouro público tornou-se, durante um tempo, um valhacouto de consumidores de drogas, mas graças ao policiamento da Guarda Municipal deixou de ser, e, à noite, um acampamento de sem-teto: este presiste. Esses bancos eram muito simples: duas estruturas de concreto sobre as quais eram postas e afixadas com enormes parafusos algumas traves de madeira.
A destruição começou assim: primeiro eram extraídos os parafusos (e eu imagino que era uma atividade demorada e difícil porque, aparentemente, não eram usadas ferramentas), e, extraídos todos, as traves de madeira eram levadas embora, ficando somente os “esqueletos”, as estrutura de concreto. Em vez de a Prefeitura colocar traves novas, simplesmente arrancou os “esqueletos”. Hoje restam na icônica praça apenas quatro bancos: um no lado da Rua Conceição e três no lado da Rua General Osório. O primeiro deste lado tornou-se um ponto de encontro de motoboys de aplicativo de entrega de comida, que passam o dia inteiro ali aguardando as chamadas para entrega. Na tarde de hoje a ocupação desses bancos estava assim: o dos motoboys tomado por eles; outro desse lado ocupado por uma pessoa; o terceiro desse lado ocupado por um sem-teto que nele dormia sentado; o último dos bancos, o da Rua Conceição, ocupado por uma pessoa.
Nem num ano eleitoral a prefeitura teve interesse em repor os bancos e brevemente teremos uma praça que não tem bancos...
Ele ganhava a vida fazendo o “jogo das tampinhas”, um “jogo” que resvala, dependendo da forma de agir do jogador, no estelionato. Esse jogo é simples: são três tampinhas (ou forminhas) e uma bolinha de espuma de nylon, postas num tabuleiro. O jogador age com extrema rapidez, “embaralhando” as tampinhas e colocando a bolinha ora sob uma, ora sob outra, e depois para e o apostador precisa adivinhar sob qual tampinha está a bolinha. Se depender apenas da habilidade, pode ser um jogo em que se ganha ou se perde. Por vezes, porém, o jogador esconde a bolinha sob a unha (que ele deixa crescer mais do que as unhas dos outros dedos) de seu dedinho de forma que o apostador nunca acertará. Ele estava jogando na esquina das ruas Ernesto Kuhlman e Treze de Maio quando surgiram alguns fiscais da SETEC, o famoso “rapa”. Quiseram apreender o seu material, talvez porque estivesse utilizando o solo urbano sem pagar os tributos correspondentes. Ele se insurgiu. Ofendeu
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