Faleceu, aos 89 anos, o premiado escritor peruano Mario Vargas Llosa. Autor de muitos livros, alguns maravilhosos, e ganhador de vários prêmios, dentre os quais avulta o Nobel de Literatura. A forma como eu conheci a sua obra foi acidental. Eu fazia parte de um grupo chamado Círculo do Livro (não existe mais) e cada sócio tinha obrigação de comprar um exemplar por mês, e, caso não comprasse, o grupo enviava um exemplar de qualquer obra do catálogo. O mês estava por vencer e eu não tinha ainda comprado nenhum. Folheei o catálogo às pressas para comprar um – qualquer um – e um título atraiu a minha atenção: “Pantaleão e as visitadoras”, de autoria de Mario Vargas Llosa, escritor de quem eu nunca tinha ouvido falar. Li a obra e adorei e, a partir daí, comecei a comprar todas as que iam sendo publicadas, verdadeiras joias. Para registrar: Pantaleão e as visitadoras converteu-se em filme.
Um dos seus livros chama-se “A guerra do fim do mundo”, que retrata, com personagens reais e fictícios, a Guerra de Canudos. Para escrevê-lo, Vargas Llosa veio ao Brasil, onde morou por algum tempo, enquanto produzia a obra. Assim foi também na República Dominicana, quando escreveu “La fiesta del chivo” (“A festa do bode”), que versa obre Rafael Trujillo, presidente daquele país.
Alguns fatos curiosos aconteceram em sua vida. Tendo estudado num colégio militar, pois seu pai não queria que ele fosse escritor, após “dar baixa” escreveu um livro chamado “A cidade e os cachorros”, que conta a vida naquela instituição, com tintas carregadas, o que enraiveceu os militares, que queimaram vários exemplares em praça pública. Outro fato interessante é que ele teria casado com uma tia, chamada Julia. Ele se casou com Julia, mas não era sua tia, e, tirando proveito desse rumor, escreveu o livro “Tia Júlia e o escrevinhador”. O mais curioso, e, por que não dizer, quase trágico: mordido pelo bicho da política, candidatou-se ao cargo de presidente do Peru, concorrendo com Alberto Fujimori. A disputa foi tão acirrada que este prometeu-lhe que, se vencesse, cassaria a cidadania peruana de Llosa. Fujimori venceu e Vargas Llosa buscou a cidadania espanhola. Depois que deixou o poder, descobriu-se que Fujimori não era peruano e sim japonês. Este nipônico acabou enfrentando vários processos, que lhe valeram longos anos de cárcere.
Alguns dos livros escritos por Llosa, além dos já citados: Elogio à madrasta, Os cadernos de Dom Rigoberto, As travessuras da menina má, A casa verde, Lituma nos Andes, O paraíso na outra esquina, O falador e outros mais. O mais recente: Tempos ásperos.
Foi-se um grande talento.
A adoção da utilização de câmeras corporais por policiais militares gerou – e gera – alguma controvérsia no estado de São Paulo, tendo sido feita uma sugestão que mais lembra um pronunciamento de Eremildo, o Idiota (personagem criado por Elio Gaspari): “os soldados da força policial usariam as câmeras, mas as ligariam apenas quanto quisessem”. Essa tola sugestão tem como raiz o seguinte: nas operações em que pode haver alguma complicação para o policial ele não aciona a câmera; mas demais, sim. Apenas a título informativo, muitos países do mundo tem adotado essa prática: em algumas cidades, como, por exemplo, nos Estados Unidos, até os policiais que não trajam fardas estão utilizando esses aparatos. Mas, a meu ver, o debate tem sido desfocado, ou seja, não se tem em vista a real finalidade da câmera, que é a segurança na aplicação da lei penal, servindo também para proteger o próprio agente da segurança pública (tendo exercido, enquanto Procurador do Estado, a atividade de Defensor...
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