Andy
Warhol, o pai do pop, preconizou que no futuro todos seriam famosos por 15
minutos. Ele nasceu em 1978 e morreu em Nova York, no ano de 1987. O seu mais
conhecido trabalho é o desenho do rótulo da famosa sopa Campbell – um ícone.
Quando
ele fez essa conhecida profecia, não existiam os famosos componentes das “redes
sociais”, visto que o Orkut foi criado no ano de 2004 (e desativado em 2014); o
Facebook, no ano de 2004; o Instagram, em 2010; o Whatsapp, em 2009; e,
finalmente, o Twitter (também conhecido como microblog) foi criado no ano de
2006. Mal sonhava o pai do pop que essa enxurrada de aparatos das redes sociais
fariam velozmente as pessoas famosas e, na mesma velocidade, jogá-las ao
esquecimento. Aliás, esta consequência me faz lembrar uma frase do melhor
contista de todos os tempos, o argentino Jorge Luis Borges: “o jornalista
escreve para o esquecimento”. Óbvio: o que hoje ocupa as bancas de jornais
amanhã está embrulhando batata na feira livre.
Mas
a criação das redes sociais trouxe uma forma rápida de tirar qualquer joão
ninguém do anonimato e ela se expressa nas famosas cartas que um (não) ilustre
desconhecido redige uma missiva endereçada a alguma autoridade lamentando algum
fato ou reclamando de algum acontecimento. Exemplos: 1) carta de uma professora
ao (ex) Presidente Lula (mais conhecido por Mollusco); 2) um motorista escreve
ao presidente Temer posicionando-se contra a reforma da previdência; 3) um
qualquer escreve uma carta a um ministro do Supremo reclamando de uma decisão
por ele tomada.
Tudo
bem “o livre pensar é só pensar”, como disse certa vez um humorista, e que a
liberdade de expressão é garantida constitucionalmente no Brasil, devendo os que
a usam mal (ou abusam) ser responsabilizados civil e penalmente. Escrever
cartas é o direito que toda pessoa que resida no Brasil tem.
O
que me assusta e me leva a concluir da inutilidade desse procedimento é o
seguinte: numa carta há o remetente e o destinatário. E para que ela produza
qualquer efeito é necessário que ela seja recebida pelo destinatário e,
obviamente, lida. Não me consta que nenhuma dessas “famosas” cartas tenha sido
lida pela pessoa a quem ela era dirigida. Ao contrário, ela fica circulando
entre a patuleia que, embasbacada, a compartilha à exaustão.
Causa-me
suspeita que esses remetentes estejam na verdade buscando notoriedade, algum
tipo de admiração pelos usuários das redes sociais. Quando recebo uma dessas, o
meu primeiro ato é exclui-la: não gastarei tempo lendo essas tolices.
E
às pessoas que compartilham comigo as redes sociais, faço um apelo: não
encaminhem nenhuma para mim.
Peço
encarecidamente. Afinal, não sou o destinatário...
Comentários
Postar um comentário