Esclarecendo
que por internet se deve entender genericamente “redes sociais”, li uma tirinha
num jornal (Folha de São Paulo; Malvados, de André Dahmer) em três quadrinhos em que o personagem dizia que especificamente o
Facebook era um lixo reciclável. Embora não concordando “em gênero, número e
grau” com o personagem, pois entendo que pode-se fazer um uso racional (para
não dizer inteligente) das redes sociais (aqui incluindo todas), ele tem razão
(em parte): aparecem muitas postagen lixos e que são recicláveis.
Tratando-se
do Facebook, essa bela criação de Mark Zuckerberg e o brasileiro Eduardo
Saverin (entre outros), ele tem servido para muitos como “meu querido diário”:
o dono do perfil só faz postagens que lhe interessam bem como a um número reduzido
de pessoas. Digamos: o seu círculo estrito de amigos e familiares. Alguns
postam, na mesma esteira, assuntos que não têm interesse para muitos: por
exemplo, um “amigo” professor, que tinha adicionado todos os seus alunos,
avisava-os que as notas das provas seriam publicadas tal dia, para ficarem
atentos.
Passando
para outra das redes sociais, desta vez o Whatsapp: é incontável o número de
postagens que não passam de boatos (isto também ocorre no Facebook) e que são
repetidos à exaustão. Descreverei alguns deles a seguir.
Um
boato que teve início no longínquo tempo (rs) em que somente o e-mail era
utilizado (ou mais utilizado), um sem-caráter montou um texto, atribuindo a
autoria a uma juíza federal de Belo Horizonte, em que ela “ensinava” como agir
em caso de sequestro relâmpago: ao ser levado ao banco sob a mira das armas dos
ladrões, quando fosse fazer o saque, a vítima deveria teclar a senha ao
contrário e isso provocaria o envio de um alerta à polícia. Qualquer pessoa que
tenha o cérebro do tamanho de uma ervilha sabe que a senha digitada errada não
dispara alarma nenhum e que, na insistência, trava o acesso. A magistrada
precisou propor uma ação judicial declaratória pra que ficasse esclarecido que
ela não era a autora de tal imbecilidade. Há tempo que não o vejo postado
novamente.
As
ofertas de passagens aéreas, brindes de lojas de perfumes, sorteio de
automóveis, são postagens diárias no Facebook e no Whatsapp e não adianta
avisar a pessoa que compartilha ou encaminha que se trata de um embuste. Este é
um claro exemplo da “reciclagem do lixo”, pois, de tempos em tempos, essas
mensagens surgem.
Um
boato que é intermitente no Whatsapp é aquele que informa que o juiz Sergio
Moro será entrevistado “hoje” pelo jornalista Gerson Camarotti. Detalhe: esse “hoje”
nunca se sabe quando é ou foi. A lei orgânica da magistratura nacional proíbe
que os juízes deem entrevistas e, além disso, se o juiz se manifestar sob um
processo de sua competência, ele imediatamente ficará impedido de prosseguir
julgando-o. Imaginem o juiz Sergio Moro dizendo em entrevista que as provas
contra o Mollusco são robustas: minutos depois os advogados impetrarão um sem
número de recursos para afastá-lo da presidência do processo. Tenho recebido
essa mensagem de tempos em tempos e até de pessoas que são da área jurídica.
Essas
notícias falsas deram ensejo ao surgimento de dois sites especialistas em desmenti-los:
e-farsas e boatos.org. São utilíssimos e eu sempre os consulto quando desconfio
de alguma postagem. Deram ensejo ainda a que o Google tenha criado mecanismos
para (tentar) detectar quando uma notícia é falaciosa e algumas publicações (o
jornal Correio Popular, por exemplo) a encetarem campanhas para que essa
moléstia não mais ocorra.
Se
essas redes sociais forem utilizadas de forma correta (por que não dizer:
inteligente) serão poderosos instrumentos de disseminação de conhecimentos, bem
como de notícias de interesse geral. E isto não é difícil.
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