Nesse afã de colocar
apelidos em pessoas que cometem crimes, a mídia campineira logo alcunhou-a de
Sharon Stone (em tempos antigos houve “o ladrão da corda” – um ladrão que
entrava nas casas pelo telhado e descia por uma corda que amarrava nos caibros
[abaixo do telhado havia um forro de madeira, com um alçapão]; “o bandido
mascarado” e outros). Ela era loira e roubava bancos, sempre acompanhada de
alguns rapazes. Encabeçava o bando e sempre era barrada na porta giratória:
sacava da bolsa um aparelho de som (“walkman”) e o exibia aos vigilantes.
Talvez por ser mulher, eles acreditavam que a porta se travara apenas por conta
do aparelho e a deixavam entrar. Ganhando o interior da agência, onde já
estavam os seus asseclas, ela sacava da bolsa um revólver e a rapina era
perpetrada. Foram várias agências bancárias “assaltadas” na cidade de Campinas.
Um dos processos
tramitava na 4ª Vara Criminal local e coube a mim substituir um colega nessa
vara temporariamente. Antes da audiência, fui procurado por sua mãe, que, na
verdade, havia procurado o colega que atuava na defesa, mas, como eu o
substituía, atendi-a. Informei-a de todo o andamento daquele processo,
inclusive do que poderia ser feito em defesa de sua filha. Tive vontade de
perguntar a ela se a sua filha se parecia mesmo com a estrela de “Instinto
selvagem”(em que atuou com Michael Douglas), mas não o fiz. Preferi aguardar o
dia da audiência em que ela estaria presente.
Não sei se motivado pelo
tempo em que ela estava presa, a mulher que veio para a audiência
assemelhava-se com a atriz famosa apenas pelo branco dos olhos, o que causou em
mim profunda decepção. Exceto o branco dos olhos, nada naquela mulher lembrava
a famosa atriz estadunidense.
Felizmente, logo cessou
minha designação e pude voltar à vara do júri.
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