Um setor da esquerda, aquele mesmo que
vivia mamando nas tetas do Erário Público – bem ao feitio do partido político
que ela apoia, pois ele quer um Estado mastodôntico, empregando todos os seus
sectários -, dentre as várias acusações contra o candidato Bolsonaro, que a
levou a produzir aquela tolice chamada “EleNão”, uma delas avulta pela total
ignorância sobre o tema e, mais grave, da História do Brasil: a volta da
ditadura.
É certo que um setor da direita, digamos,
o radical, sonha com a volta da ditadura, como se isto fosse a solução para
todos os males que assolam o país atualmente; mas, nos estreitos limites deste pensamento
escrito, não cabe analisar a ditadura em si, o que será feito em outra
oportunidade. O que vale analisar é a possibilidade da volta da ditadura.
As condições políticas anteriores ao ano
de 1964 eram fruto de algo que se iniciou antes, com a renúncia do presidente
da República, Jânio Quadros, que houvera sido, em eleição livre e direta,
eleito. O seu vice era João Goulart, popularmente chamado de “Jango”. Dizendo-se
pressionado por “forças terríveis” (ele nunca explicou o que elas eram, embora
fosse instado a tanto incontáveis vezes; alguns alteraram para “forças ocultas”)
o “homem da vassoura” renunciou no dia 25 de agosto de 1961 e o seu vice, que
se encontrava no Exterior, quase foi impedido de assumir pelos militares.
Ou seja, desde a renúncia de Jânio
Quadros, os militares já se articulavam para tomar o poder, o que fizeram no
ano de 1964, conforme todos aqueles que conhecem minimamente a História do
Brasil sabem.
Não foi o presidente da República que deu
o golpe que tornou o país uma ditadura e sim os militares que, em seguida,
assumiram o Poder Executivo. Evidentemente, que um presidente da República legitimamente eleito poderá aplicar um golpe na democracia, implantando a ditadura, mas se isso fosse a ideia reinante no Exército por que esperar pelo resultado de uma eleição? A equação não funciona.
Dizer que com a vitória de Jair Bolsonaro
haverá o perigo de que a ditadura volte é “passar recibo” da ignorância sobre a
nossa História. A única – e remota – possibilidade de que a ditadura volte é se
os militares opuserem-se ao presidente legitimamente eleito, apeando-o do poder
e assumirem a condução da Nação. Mas talvez o medo apresentado pela esquerda "festiva" (para ressuscitar o termo) seja o de que as leis sejam aplicadas mais duramente, acabando com esse período de leniência, com esse período de tolerar uma inversão na ordem constituída, com, por exemplo, invasões de fazendas e interrupção do trânsito em rodovias, em que tudo é resolvido com "negociação". Ademais, temem, talvez, o endurecimento das leis, especialmente as penais, mas isto depende de aprovação do Congresso. O que a esquerda teme mesmo é que o período de bonança (de roubalheira, a bem dizer) termine e a dita se torne dura.
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