A nova era trouxe, além das novidades diárias, representadas pelas redes sociais, um novo vocabulário no qual há o (a) “influencer”. Como já li em alguma parte mas não me recordo precisamente em qual, antigamente “influencer” era o pai, a mãe, o professor, o pároco, o pastor, pessoas que, de uma forma ou de outra, pelo conhecimento e proeminência que possuíam, conseguiam influenciar um sem número de pessoas. Tome-se por exemplo o professor: pelos ensinamentos transmitidos aos alunos, ele consegue influenciá-los. Na atualidade, “influencers” são muitas vezes pessoas que se tornam conhecidas por besteiras que realizam e publicam nas redes sociais, valendo notar que algumas delas mal sabem se expressar no idioma pátrio.
Pode-se começar com um bom exemplo: uma dessas figuras, numa “live”, defendeu que no Brasil, desconhecendo que a legislação proíbe, fosse, por assim dizer, legalizado o partido nazista, pois assim, na sua visão, os adeptos desse totalitarismo seriam conhecidos.
Mas o exemplo mais recente foi dado por duas “influencers”, mãe e filha (“quem saiu aos seus não degenera” ou “o fruto não cai longe da árvore”), que fizeram uma brincadeira com duas crianças pretas: a cada uma foi oferecido ou dinheiro ou um pacote que continha um presente. Ambas as crianças optaram pelo presente e num dos pacotes havia uma banana e no outro um macaco de pelúcia. Tudo, é claro, foi devidamente filmado e postado nas redes sociais; as influencers possuem mais de treze milhões de seguidores nas redes sociais.. Assustadas com a reação e com a notícia-crime encaminhada ao Ministério Público, rapidamente deletaram essa brincadeira criminosa. Procurado, o advogado de ambas disse que elas não tiveram a intenção de praticar racismo contra as crianças (essa é uma tese sempre usada desde tempos imemoriais para afastar a configuração de um delito).
A pergunta que se faz: quem essas duas queriam influenciar?
A adoção da utilização de câmeras corporais por policiais militares gerou – e gera – alguma controvérsia no estado de São Paulo, tendo sido feita uma sugestão que mais lembra um pronunciamento de Eremildo, o Idiota (personagem criado por Elio Gaspari): “os soldados da força policial usariam as câmeras, mas as ligariam apenas quanto quisessem”. Essa tola sugestão tem como raiz o seguinte: nas operações em que pode haver alguma complicação para o policial ele não aciona a câmera; mas demais, sim. Apenas a título informativo, muitos países do mundo tem adotado essa prática: em algumas cidades, como, por exemplo, nos Estados Unidos, até os policiais que não trajam fardas estão utilizando esses aparatos. Mas, a meu ver, o debate tem sido desfocado, ou seja, não se tem em vista a real finalidade da câmera, que é a segurança na aplicação da lei penal, servindo também para proteger o próprio agente da segurança pública (tendo exercido, enquanto Procurador do Estado, a atividade de Defensor...
Comentários
Postar um comentário