Quatro
anos depois, foi na América do Sul, mais precisamente no Chile, e novamente a
seleção brasileira trouxe a taça. Embora Pelé não tivesse podido jogar todas as
partidas, o time não se ressentiu de sua ausência, substituído que foi por
Amarildo, o “peito de aço” (os narradores esportivos de então tinham o hábito
de colocar apelidos nos jogadores).
Na
copa seguinte, 1966, que seria, como foi, jogada na Inglaterra, o selecionador
brasileiro acreditou que a vitória eram “favas contadas” e fez uma “lambança”,
porém, ele não contava com o preparo das outras seleções e a brasileira foi
eliminada.
Quem
vencesse a competição por três vezes ficaria em definitivo com a taça e o que
se viu no México foi talvez a melhor seleção que o Brasil já teve: craques como
Tostão, Pelé, Gerson, Rivelino, Clodoaldo, Jairzinho (“furacão”) e outros
tantos brilhando em campo. A taça veio definitivamente para o nosso rincão, mas
teve vida curta: retratando fielmente a tradição brasileira, a de não respeitar
nenhum símbolo nacional, a taça foi furtada e derretida.
Depois
desse torneio, a seleção brasileira ficou em jejum durante 24 anos, até que, em
1994, em solo estadunidense, abocanhou pela quarta vez a copa, agora sem que
houvesse uma regra tornando-a definitiva: a sua posse era provisória, durando
quatro anos (até o torneio seguinte).
Mais
oito anos de jejum até que em solo asiático, agora no longínquo ano de 2002, a
seleção brasileira pela quinta vez tornou-se campeã.
O
tempo passa, as pessoas envelhecem, os conceitos mudam, e no ano de 2007 o
governo brasileiro batalhou para que a copa de 2014 fosse no Brasil; conseguiu
o aval da FIFA e teve sete anos para preparar o país para receber esse mais
importante evento do futebol. O que se viu durante os sete anos de (suposta)
preparação foi aquilo que se vê a diário no Brasil: tudo deixado para a última
hora. O brasileiro não deixa para fazer a declaração de imposto de renda na
última semana, quiçá na véspera do encerramento do prazo (que, em geral, é de
dois meses)? Outro cenário bem brasileiro que se concretizou: obras totalmente
inúteis custando “os olhos da cara” (“arenas” de Cuiabá e Manaus).
É
certo que aqui pode entrar um componente de desonestidade: para que as obras
sejam aceleradas, às vezes são necessários aditamentos nos contratos,
encarecendo astronomicamente o seu custo. Estádios (no linguajar dos dirigentes
da FIFA, “arenas”) ficando prontos praticamente na véspera do início do evento,
e obras de acessibilidade não ficando prontas (um viaduto em Belo Horizonte
desabou enquanto era construído em pleno desenvolvimento dos jogos do torneio).
E,
quanto ao futebol propriamente dito, o que se viu foi algo semelhante ao que
ocorreu em 1966: a CBF contratou uma comissão técnica envelhecida, com um
técnico cujo único feito foi ter vencido a copa de 2002 com outra geração de jogadores (afinal,
passaram 12 anos...), que convocou jogadores quase todos sem experiência em
competições internacionais, com comportamento de amadores (aliás: se fossem
amadores teriam se dado melhor). Atletas que ficavam dando demonstração de
pieguice sempre que podiam, tais como, entrar em campo com a camisa do Neymar na
partida que ele não pôde jogar, ou ficar orando em campo (oração se faz em
templos – nem as seleções de países muçulmanos, às vezes composta de fanáticos,
deram esse tipo de demonstração).
E
essa seleção de inexperientes sucumbiu fragorosamente quando teve pela frente
seleções bem estruturadas, tendo levado dez gols em duas partidas e fazendo
apenas um.
Poder-se-ia
dizer: ainda bem que sucumbiu (mas não precisava ser de forma tão humilhante...),
pois se tivesse triunfado, certamente o partido que está no poder há onze anos e
destruindo o país teria um trunfo a mais em mãos para continuar a sua
destruição.
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