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As várias mortes do prefeito - capítulo 51



Vieram aos autos dois ofícios da Seção de Arquivo Monodactilar, do Serviço de Perícia Datiloscópica do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, da Secretaria da Segurança Pública, informando que foram “confrontados fragmentos digito-papilares” encontrados tanto no Vectra prata, quanto no Palio; o primeiro ofício informava que o confronto se deu com os prontuários de Wanderson Nilton de Paula Lima (“Andinho”), Anderson José Bastos (“Anzo”, “Anso”, ou “Puff”), Cristiano Nascimento de Faria (“Cris” ou “Japonês” – praticou extorsões mediante seqüestro com “Andinho” e Edmar), Jimi Sol Pereira Soares (acusado de haver participado da extorsão mediante seqüestro, juntamente com “Andinho”, “Cris” e Edmar, de um empresário do ramo de ônibus), André Luiz Meningrone (morto em Caraguatatuba) Nivaldo de Andrade Góis (vulgo “Boris” - seqüestrador de Monique Nakano juntamente com Valmir), Sidnei de Almeida (vulgo “Cidão” - seqüestrador de Monique Nakano juntamente com Valmir), Edenir Junior Roque, Edmar Carlos Bazilato (“Mancha”, praticou extorsões mediante seqüestro juntamente com “Andinho” e “Cris”), Globerson Luiz Moraes da silva (“Gro”) e Flávio Roberto Mendes Cunha Claro (“Flavinho”), estes dois últimos suspeitos de haverem matado o prefeito utilizando motos; o segundo ofício informava sobre o confronto dos fragmentos digito-papilares com os datilogramas dos prontuários de Wanderson Nilton de Paula Lima (“Andinho”), Anderson José Bastos (“Anzo”, “Anso” ou “Puff”), Cristiano Nascimento de Faria (“Cris”), Jimi Sol Pereira Soares, André Luiz Meningrone, Valmir Conti, Nivaldo de Andrade Góis, Sidnei de Almeida, Edenir Junior Roque, Edmar Carlos Bazilato, Globerson Luiz Moraes da Silva e Flávio Roberto Mendes Cunha Claro. Todos os confrontos tiveram resultado negativo.
          Cabe aqui uma observação: Valmir estaria utilizando um Vectra prata, veículo utilizado no sequestro, dias antes da morte do prefeito, juntamente com Nivaldo e Sidnei, de Monique Nakano; depois, o mesmo veículo foi utilizado por ele, “Andinho” e “Anzo” (excluído “Fiinho” porque não houve confronto entre os fragmentos e as suas impressões) na morte do prefeito e não foi encontrada nenhuma impressão deles no veículo. Segundo consta, ele, “Valmirzinho”, vinha utilizando esse veículo fazia algum tempo.  É muito estranho que não tenham deixado impressões digitais, sequer um mísero fragmento de impressão digital.

(Capítulo do livro, a ser editado, "As várias mortes do prefeito", sobre o processo movido contra Wanderson Nilton de Paula Lima, acusado da morte do prefeito Antonio Costa Santos.) 



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