Duas ocorrências chamaram a minha atenção e ambas dizem respeito ao atraso em que se encontra a cidade de Campinas (ela não tem prefeito há mais de duas décadas: os que a governaram praticamente cumpriram os seus mandatos sem realizar nenhuma obra de vulto; alguns “incharam” a administração pública municipal com a criação de centenas de cargos de assessores de livre nomeação [sem precisar submeter-se a um concurso público de provas e títulos] para cumprir “acertos” políticos; outros sequer mantiveram as ruas e praças conservadas).
A primeira
ocorrência diz respeito ao problema de vagas para estacionamento nas vias
públicas. Sabe-se que este é um problema que “inferniza” a vida dos motoristas,
pois, por óbvio, há mais veículos do que vagas. Uma das soluções encontradas é
a zona azul, cujo funcionamento é de todos conhecido. Em Campinas, a pessoa que
vai estacionar compra a folha, preenche-a e a coloca no painel do veículo. A
primeira operação é a compra e venda, que dispara outra, a de fiscalização. A
folha pode ser comprada em algum estabelecimento ou mesmo dos agentes da
mobilidade urbana; estes mesmos agentes farão a fiscalização. Campinas (se a
minha memória não estiver falhando) teve, na década de 70, parquímetros, que foram
desativados e eram mais práticos do que a zona azul. A fiscalização é mais
fácil: expirado o prazo, sobe no aparelho uma bandeirinha vermelha demonstrando
a irregularidade. Atualmente, nem seria preciso comprar moedas para inseri-las:
a operação pode ser feita por celular (como já vi em cidade dos EUA [Coral
Gables, FL]) Houve, no atual governo, uma tentativa de licitação para a
implantação de parquímetros, mas não foi adiante. Na cidade de Valinhos a
operação é simplificada: há, em determinados lugares, totens em que o usuário
compra um tíquete preenchido por digitação dele próprio, eliminando assim o trabalho
do motorista de procurar um ponto de venda. Enquanto elaborava mentalmente este artigo, andando a pé pela rua Antonio Cesarino, num trecho de zona azul, contabilizei onze carros estacionados e nenhum tinha o cartão de estacionamento. É uma farra e não há fiscalização.
A outra ocorrência
diz respeito à segurança pública, mais especificamente no uso de câmera de vigilância. Na cidade de Mogi Mirim houve, no mês de
março, um bárbaro latrocínio de que foi vítima um industrial de Itapira: ele
foi morto e o corpo posto no porta-malas de seu carro, que foi em seguida
incendiado (há suspeita de que quando foi ateado fogo no veículo ele ainda
estava vivo). A polícia, consultando as imagens das câmeras de segurança, viu
que durante um longo trajeto o veículo da vítima, um BMW preto, foi seguido por outro, um Chevrolet Cruze prata.
Consultada a placa deste carro e descoberto o nome do proprietário, decretou-se
a quebra do sigilo telefônico dele e constatou-se que ele houvera se comunicado
várias vezes com a vítima, bem como pelas ERB (estação rádio base) que ele esteve
próximo do local em que se deu o bárbaro latrocínio (a vítima foi morta pelo
latrocida, que era seu conhecido, porque teria vultosa quantia em dinheiro: ela
todavia não tinha). As câmeras foram essenciais na descoberta do criminoso.
Essas ocorrências mostram que, cidades muito menores do que Campinas conseguem aproximar-se da modernidade, gerando aos cidadãos mais conforto e segurança.
(A foto acima foi feita na cidade de Coral Gables, FL.)
Comentários
Postar um comentário