Nasci e morei em Jaú até os 16 anos (para ser exato: 15 anos, 11 meses e 10 dias). Premido pelas circunstâncias – a principal: filhos atingindo a idade universitária e não havia nenhuma faculdade – nos mudamos para Campinas. Esses quase 16 anos na cidade, que abrangeram a infância e parte da adolescência, foram ricos de acontecimentos que resultaram em boas lembranças: “nadar” (porém, aquilo que fazíamos não era nadar, mas sim brincar na água) no Rio Jaú, “jogar bola” no “campinho”, jogar bola de gude no “larguinho” (Praça dos Estudantes: uma praça formada pela confluência de três ruas, entre as quais a Tenente Navarro, que era na que morávamos), as aulas no Grupo Escolar Dr. Lopes Rodrigues (primário), depois o ginasial (parte) no Colégio São Norberto (“colégio dos padres”), administrado pelos religiosos da Ordem Premonstratense (também chamada Ordem de São Norberto, ou como Monges Brancos [os padres usavam batinas brancas]), depois as aulas no Instituto de Educação Caetano Lourenço de Camargo, onde fiz, além de colegas, amigos: Vera, Nair, Mônica, Cau e outros.
Entre as lembranças mais fortes que tenho – são muitas – duas avultam e se referem a dois “craques da pelota” com quem tive a honra de conviver: Afonsinho (Afonso Celso Garcia Reis) e Edu (Jonas Eduardo Américo). O primeiro e eu fomos colegas no Instituto, e ele, ainda na adolescência, que já se destacava como craque, foi atuar pelo glorioso XV de Jaú, o famoso “Galo da Comarca”: era meio-campista. Quando viemos para Campinas, contei a um tio, que era diretor do Guarani, Vicente Brandão Toffano, que o conhecia, e ele, entusiasmado, resolveu ir a Jaú para tentar contratá-lo. Ele morava numa avenida de duas pistas, de paralelepípedos, perto da estação ferroviária. Sentados na sala (“de visitas”) ele, seu pai, meu tio e eu, foram feitas as conversações, que resultaram em nada. Ele foi cursar faculdade de medicina no Rio de Janeiro, atuou pelo Botafogo, na verdade pelos quatro grandes clubes do Rio de Janeiro e foi citado por Gilberto Gil na música “Meio de Campo” (“prezado amigo Afonsinho”). Há alguns anos, em visita a parentes em Jaú, ao tomar o café da manhã no hotel em que estávamos hospedados, eu o vi: abordei-o e conversamos sobre aquele fato e, enquanto conversávamos, entrou no recinto Paulo César Caju, que, eu soube naquela hora, é cunhado de Afonsinho. Foi um bom momento.
Outra das lembranças que se referem a craques é a do Edu: morávamos no mesmo bairro. Ele jogava “peladas” (eu jogava “pelada”: ele jogava futebol...) conosco no “campinho” e, como premonição, o jogo de camisas que usávamos era do Santos Futebol Clube. Meu tio também tentou trazê-lo para o Guarani, em vão: ele foi contratado pelo “Peixe”, atuando na ponta-esquerda e também na seleção brasileira.
São tantas lembranças...
Uma música que marcou época, chamada “A Praça”, de autoria de Carlos Imperial, gravada por Ronnie Von no ano de 1967, e que foi um estrondoso sucesso, contém uma frase que diz assim: “sentei naquele banco da pracinha...”. O refrão diz assim: “a mesma praça, o mesmo banco”. É impossível imaginar uma praça sem bancos, ainda que hoje estes não sejam utilizados por aquelas mesmas pessoas de antigamente, como os namorados, por exemplo. Enfim, são duas ideias que se completam: praça e banco (ou bancos). Pois no Cambuí há uma praça, de nome Praça Imprensa Fluminense, em que os bancos entraram num período de extinção. Essa praça é erroneamente chamada de Centro de Convivência, sendo que este está contido nela, já que a expressão “centro de convivência (cultural)” refere-se ao conjunto arquitetônico do local: o teatro interno, o teatro externo e a galeria. O nome Imprensa Fluminense refere-se mesmo à imprensa do Rio de Janeiro e é uma homenagem a ela pela ajuda que prestou à cidade de Campi...
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