O título bem poderia ser outro: “o neto do ditador, o Mercedes Benz e as desculpas esfarrapadas”.
Um dos netos do ex-ditador de Cuba, Fidel Castro, de nome Sandro, foi filmado num vídeo e postou-o no Whatsapp. A postagem, disse ele, foi num grupo do qual fazem parte pessoas que se conhecem bem, porém foi postado (não se sabe por quem) em outras redes sociais, inclusive no Youtube. Um dos seus tios, pessoa poderosa na hierarquia cubana, fez uma postagem no Twitter na qual o chama de “patata pudrida”, ou seja, “batata podre” num saco onde estão batatas boas.
A filmagem, que se supõe foi feita pela sua namorada (uma linda moça, a propósito), mostrava o rapaz ao volante de um carro Mercedes Benz, em alta velocidade e escarnecendo das pessoas: “de vez em quando é preciso tirar de casa um brinquedinho destes”, em excesso de velocidade, a 140 km/h, na ilha. Sim na famosa ilha do Caribe, em que nenhuma rodovia permite tal velocidade.
Como o vídeo viralizou e ele foi chamado de “batata podre” por um poderoso tio, o gajo procurou desfazer o estrago, e tomado por uma humildade oposta à sua arrogância quando estava dirigindo a poderosa máquina, pede desculpas que podem ser classificadas como esfarrapadas. Ele afirma que o carro não é dele e sim de um amigo, sem dizer porém o nome (fazendo lembrar aqueles perfis nas redes sociais em que a pessoa se intitula “professor de Direito”, porém sem dizer de qual ramo dessa ciência – que são vários -, nem em qual faculdade – e são milhares – ele ministra aulas).
Dirigir um Mercedes Benz num país em que frota veicular é composta em sua maioria por “charangas” já é, em si mesmo, um escárnio, e, não contente com isso, profere aquelas palavras demonstradoras de sua arrogância.
Resta saber se haverá alguma consequência num país em que a repressão é extrema contra as pessoas que protestam contra o regime.
A adoção da utilização de câmeras corporais por policiais militares gerou – e gera – alguma controvérsia no estado de São Paulo, tendo sido feita uma sugestão que mais lembra um pronunciamento de Eremildo, o Idiota (personagem criado por Elio Gaspari): “os soldados da força policial usariam as câmeras, mas as ligariam apenas quanto quisessem”. Essa tola sugestão tem como raiz o seguinte: nas operações em que pode haver alguma complicação para o policial ele não aciona a câmera; mas demais, sim. Apenas a título informativo, muitos países do mundo tem adotado essa prática: em algumas cidades, como, por exemplo, nos Estados Unidos, até os policiais que não trajam fardas estão utilizando esses aparatos. Mas, a meu ver, o debate tem sido desfocado, ou seja, não se tem em vista a real finalidade da câmera, que é a segurança na aplicação da lei penal, servindo também para proteger o próprio agente da segurança pública (tendo exercido, enquanto Procurador do Estado, a atividade de Defensor...
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