De vez em quando surge uma categoria
profissional nesta “nossa terra descoberta por Cabral” que passa a ser o centro
de atenção da mídia, dando entrevistas em todos os meios de comunicação.
Durante uma época foram os economistas – e, em certa medida, ainda são, como neste
período do pagamento do 13º salário (o que fazer com ele?, esses profissionais
estão sempre aconselhando). O “czar da economia brasileira” durante um período
do regime militar, o todo-poderoso Delfim Netto (que nem economista era...),
disse, certa vez, que “o economista prevê o passado”, em tom de blague,
evidentemente.
De
um tempo até os presentes dias, duas categorias disputam palmo a palmo a
atenção da mídia: o tal “cientista social” e o “consultor de segurança”. Quando
ocorrem as eleições, os cientistas sociais estão onipresentes na imprensa
tentando interpretar a manifestação do eleitorado, ou, ainda, numa tarefa
hercúlea, interpretar os dados das (quase sempre equivocadas) pesquisas
eleitorais. Quando aumenta o índice da criminalidade - o que tem acontecido
amiúde -, são os “consultores de segurança” que “roubam” (desculpem o
trocadilho...) a cena. Um deles, que atua numa rede de televisão nacional, era,
até outro dia, repórter policial e hoje dá ”consulta” sobre segurança. Valha-me
Deus... Outro, que se auto-intitulava “doutor segurança”, dava os conselhos
mais evidentes sobre cuidados que as pessoas devem tomar no dia-a-dia para não
se tornarem vítimas. Até um infante faria melhor. Certo dia acessei o "site" deste personagem e numa de suas crônicas estava posta uma frase dita, segundo o "doutor segurança", por Gabriel Garcia Marquez antes de morrer: o colombiano premio Nobel de literatura ainda estava vivo e o "doutor segurança" desconhecia isso...Vejam o nível de cultura desses "consultores" a que estamos expostos. Ademais, para que alguém diga algo depois de morrer só se for psicografando...
Porém,
ninguém supera a "nova safra", a dos adivinhos jurídicos, especialmente no ramo do Direito Penal:
eles são os campeões de proferir tolices. Alguns exemplos do que disseram os adivinhos e
todos referentes ao julgamento da AP 470 (“mensalão”):
1)
o ministro Joaquim Barbosa corria o risco de não ser eleito presidente do
Supremo Tribunal Federal por conta dos seus sucessivos ataques de mau-humor no
julgamento dessa ação: nada mais equivocado, porque a eleição é meramente formal,
seguindo um critério rotativo; além de errarem na previsão, mostraram o quão são ignorantes no tema;
2)
os ministros do STF nomeados pelos governos do PT (Lula e Dilma), em número de
8, absolveriam todos os “mensaleiros-companheiros”; a realidade mostrou algo
completamente diferente, “quebrando a cara” dos astrólogos jurídicos;
3)
todos os réus seriam condenados a penas mínimas, o que faria com que a
punibilidade fosse extinta pela prescrição retroativa, e, com isso, teria sido
montado um alegre “faz-de-conta”; a fixação das penas mostrou algo totalmente
diverso, com reprimendas altíssimas.
Pois
é: surgiu uma nova raça, uma nova praga, aliás, a dos futurólogos jurídicos e
que, infelizmente, não está em extinção, pois tem plena aplicação o ditado
“Deus os faz e eles se juntam” – eles surgem e a mídia adora ouví-los,
garantindo-lhes um grande espaço em sua programação.
E
“pelo andar da carruagem” (como se dizia no meu tempo de criança), parece que
essa nova espécie nunca entrará em risco de extinção. Infelizmente.
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