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A assessora parlamentar, o Marquês de Sade e Sacher-masoch

Ela era assessora parlamentar e tão logo surgiu foi eleita a musa da CPI (do Cachoeira). Sim, o parlamentar que ela assessorava compunha a CPI. Num descuido (será que foi descuido?), um vídeo em que ela aparece em poses eróticas foi posto na internet (Youtube, por exemplo) e ela perdeu o cargo. Mas ela se vingou: noticia a mídia que ela posou num "ensaio" para uma revista masculina, em que foi clicada seminua. Algumas fotos já foram exibidas por jornais e revistas e ele aparece trajada em biquini de couro, algemas e um chicotinho.
Imediatamente, ao ver as fotos, lembrei desses dois (por assim dizer) ícones, o marquês de Sade e Sacher-Masoch. O primeiro é demais conhecido e o termo "sadismo" é derivado de seu nome, uma tara em que geralmente o prazer sexual está condicionado à imposição de sofrimento físico ao (à) parceiro (a). Já do nome do segundo, que era jornalista e escritor austríaco, Leopold Ritter von Sacher-Masoch, surgiu o termo masoquismo, que é ligado à ideia de sofrer dor física para atingir o prazer. Um livro de Direito Penal ("Comentários", de Nelson Hungria), registra que ele padecia desse mal, porém outras fontes dizem que o termo derivou de um personagem de seu livro, "A Vênus de peles"", em que esse personagem atinge o prazer sexual após ser surrado pelo marido de sua amante.
A roupa de couro em geral é excitante, posto que geralmente é bem justa e assim realça as formas de quem as traja. As algemas remetem ao masoquismo, pois - imagino - não é confortável usar essas "pulseiras de ferro"- se mal ajustadas, podem causar lesões nos pulsos das pessoas  -e, ainda mais, durante a conjunção carnal. Já o uso chicote se ajusta à ideia do sadismo, pois, porque alguém praticaria um ato sexual assim armado? É certo que para alguns o ato sexual já é um sofrimento em si, mas este é outro assunto.
O Direito Penal se interessa por este tema, pois a integridade corporal é um bem indisponível e se alguém permitir que outrem o lesione, essa permissão (consentimento) não tem nenhuma validade, que forma que o que pratica a lesão responderá criminalmente.
Mas a bonita (e sexy) ex-assessora poderia fazer um bom uso - que não sexual - das algemas e do chicotinho: utilizá-los nos parlamentares da CPI (de toda e qualquer CPI) que desconhecerem o direito de qualquer pessoa tem de não fazer prova contra si mesmo, de forma que, cada vez que o STF conceder uma medida liminar em "habeas corpus" para que o convocado permaneça em silêncio e algum parlamentar se insurgir contra isso, ele seja algemado e vergastado. Talvez depois disso eles resolvam ler a Constituição que juraram respeitar.

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