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A foto

A foto foi mostrada à exaustão, percorreu todas as mídias, sofreu montagens, foram feitas críticas e seguramente ela fará parte da história. Estou me referindo à foto em que aparecem Lula, Haddad e Maluf, selando uma impensável aliança que valerá para a eleição à prefeitura de São Paulo.
Alguns detalhes dela merecem destaque:
a) os dois políticos, inimigos figadais (pelo menos foi o que eles demonstraram durante muitos anos, com recíprocos ataques à honra), estão se olhando nos olhos, como fazem os melhores amigos;
b) as mãos estão firmemente apertadas, como convém a pessoas que se admiram e se respeitam;
c) ambos estão com um sorriso franco e aberto, como se aquilo que acabaram de selar fosse algo que os tenha agradado profundamente.
Outras observações:
d) Lula durante mais de 20 anos pregou que o partido que ele fundou e que durante todo esse tempo encarnou faria política com ética, ou, em outras palavras, ética na política: nesta quadra de sua vida ele sela um acordo com um político que está na lista de procurados da Interpol, ou seja, não poderá arredar pé do Brasil - a imunidade que ele tem é válida apenas no Brasil;
e) Maluf é um camaleão: é produto do regime militar (foi prefeito de São Paulo nessa condição de afilhado dos militares), tal qual outro camaleão, José Sarney, o último representante do "coronelismo"na política;
f) a aliança provocou a defenestração de Luiza Erundina, que figurava como candidata a vice-prefeito de Haddad e representava outro partido "de esquerda", mais precisamente o PSB.
Olhemos pelo lado cômico: José Simão escreveu frases gozadíssimas sobre a aliança. Por exemplo:
Mas o Maluf ainda dá voto. Um amigo meu vota até hoje no Maluf por três motivos: 1) Rouba, mas faz. 2) Mente, mas não convence. 3) É culpado, mas ninguém prova. E o Lula vai na Ana Maria Braga dar receita de "frango à Maluf": Primeiro você rouba o frango, depois você faz como quiser mesmo. Rarará!

E essa: "Lula acusa Maluf de roubar um de seus dedos". Rarará! Mas o Maluf nunca mentiu: "Eu não tenho dinheiro no exterior". E não tem mesmo. O dinheiro não é dele. É NOSSO! Rarará!
E incontáveis charges foram publicadas. Serviu para divertir.
É isso.












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