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Santo Ivo

"Sanctus Ivo erat brito/advocatus et non latro/res miranda populo".
Santo Ivo é o padroeiro dos advogados. A data - 19 de maio (de 1303) - é a da sua morte. Segundo a Wikipedia, "com sua sabedoria, imparcialidade e espírito conciliador, desfazia as inimizades e conquistava o respeito até dos que perdiam as causas. A defesa intransigente dos injustiçados e dos necessitados deu-lhe o título de advogado dos pobres, um título que continuou merecendo ao tornar-se sacerdote e ao construir um hospital, onde cuidava dos doentes com as suas próprias mãos" (no verbete Santo Ivo).
Os advogados são os únicos profissionais que têm 3 datas comemorativas: o dia de Santo Ivo, o dia 11 de agosto, que é o da criação dos cursos jurídicos no Brasil (1.827), erroneamente - e por muitos, inclusive pela OAB, que promove um jantar de congraçamento - chamada de "dia do advogado" (os alunos a conhecem e festejam como "dia do pindura"), e o dia 8 de dezembro que é o dia da Justiça.
Há algo a comemorar? Se se olhar pelo ângulo da OAB, há, e muito: com um exame de admissão que reprova aproximadamente 80% na primeira fase, a OAB merece os parabéns, pois tem "barrado" milhares de bachareis "despejados" por faculdades cuja única finalidade é o lucro (elas seguem a visão do Banco Mundial: ensino superior é "mercadoria"). Ainda pelo ângulo da OAB/SP: uma CAASP efetivamente atuante, auxiliando os profissionais.
Apenas para não esquecer: "o advogado é indispensável à administrção da justiça" (artigo 133 da CRFB). Sem nenhuma dúvida.
O versículo que abre este texto tem a seguinte tradução: "Santo Ivo era bretão/advogado e não ladrão/causa de admiração". O motivo da admiração é ambíguo: por ele ser bretão e advogado ou por ser advogado e não ladrão (ao mesmo tempo)? Indago isto porque na semana que antecede a comemoração do padroeiro, dois advogados estiveram na mídia por estarem envolvidos em crime: o primeiro preso em flagrante delito por tentar adquirir um milhão de litros de etanol pagando com dinheiro falso (um milhão e meio em notas falsas de cinquenta reais - algumas delas das antigas); o outro, investigado por ser suspeito de haver surrupiado um bilhete de loteria premiado de um aposentado - o "causídico" sacou o dinheiro do premio dizendo candidamente que o bilhete lhe fora dado como pagamento de honorários.
Cada qual interprete conforme queira.


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